quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O FIO DA MEADA


As primeiras imagens da minha infância que me lembro, são com meus primos. Morávamos na Zona Norte de São Paulo, bairro do Lauzane. Lembro que moramos lá todo o período primário. Disse anteriormente que havia sido criado, juntamente com meu único irmão, meus primos e primas. Éramos ao todo uns cinco, mais os meninos da vizinhança. Acho que tive uma infância normal, pois me lembro das brincadeiras, das cores e dos sons... Das correrias pelas ruas, pelas vielas, pelos campos e pelo matagal que tinha na parte de cima de nossa rua... Naquele tempo não tinha asfalto, era terra batida; recordo-me que todo dia pela manhã passava uma carroça e trazia um homem que vendia leite dentro de garrafas. Se não me engano, tudo era movido à carroça naquele tempo!
Mas a imagem mais forte dentro de mim, era de uma menina, mais velha, que tomava conta da gente; não sei quem era ela, nem nunca perguntei. Só sei que ela me  bolinava. Eu nem sabia o que aquilo significava, mas eu não gostava.o gostava era evidente; pois toda vez eu fazia estardalhaço, gritando ou esperneando..
Isso ficou marcado durante muitos anos em minha mente. Hoje eu entendo exatamente o porquê da minha reação!

Outra lembrança que tenho é a de meu primo, tínhamos cerca de sete ou oito anos, sempre que ficavamos sozinhos, ocorriam brincadeiras eróticas. É claro que era tudo na inocência, pois não sabíamos se era certo ou errado! Pois nunca ninguém nos pegou! Mas de uma coisa eu sabia; era prazeroso para mim. O tempo passou, meus primos se mudaram pro interior da Bahia e eu segui minha vida. Meu irmão já não era mais criado junto comigo. Mudamos-nos para outro bairro, lá mesmo na zona norte. Eu virara o filho único, o “filhinho da mama”. Minha vida era estudar e cuidar da casa, enquanto mamãe ia trabalhar. Passava o dia sozinho, vigiado pela vizinha da casa ao lado. Ela tinha um filho também na mesma faixa de idade e nós ficávamos dentro de casa, ora vendo televisão, ora brincando... Não durou muito para que nossas brincadeiras tivessem um apelo mais sexual. Eu estava com 10 anos e já entendia o que aquilo significava. Sabíamos que era “errado”, pois toda vez que roçávamos, um no outro, tentávamos nos afastar com medo de que alguém pudesse chegar e fossemos pego! Tudo era muito rápido e cheio de tesão; recordo que sentíamos prazer ao olhar um para o outro. Isso durou pouco, pois era época do “beijo, abraço e aperto de mão”! Então logo começamos a despertar interesse nas garotas com quem brincávamos. Aliás, foi aí que tive minha primeira namorada, que se chamava Sandra... era linda. Lembro me dela como se fosse  hoje! Como primeiro namoro, incentivado por todos; até por nossos pais, lembro-me de meu primeiro beijo aos 11 anos. O mais interessante desse namoro com a Sandra, é que só me lembro dos beijos. Por que será?  Mas justamente nessa fase, aconteceu uma reviravolta na minha vida! Minha mãe brigou com meu tio e ela resolveu se mudar. Fomos de mala e cuia pra casa de um parente em São Vicente/SP. 

Lá chegando, fui matriculado no Colégio e fiz novos amiguinhos. Dois foram marcantes. Nossos vizinhos caiçaras tinham um filho mais velho, da minha idade. O apelido dele era “Índio”, pois ele tinha pele de índio e jeito de índio. Ele era meu parceiro de todas as brincadeiras: jogávamos bola, de pega-pega, de bolinha de gude e até inventávamos jogar vôlei, mas sem rede, só fazendo marcação no chão. Eu me lembro que foi ele quem despertou em mim meu lado "macho" pelo futebol. Outro menino dessa mesma época, morava na rua de cima. Ele era totalmente diferente: loiro, olhos azuis, fortinho e um jeito rude de ser. Não sei como viramos amigos; lembro-me da primeira vez que o vi, fiquei logo admirado por sua pele e pêlos! Ele não era amigo do Índio.  Então na maioria das vezes, só nos dois brincávamos. Havia um campinho em frente de casa e disputávamos “gol a gol”; cada um chutando de um gol e havendo rebatida, podíamos sair para tentar driblar e marcar o gol. Era uma disputa ferrenha, eu nunca gostei de perder para ele, chegávamos a discussões acaloradas e até já nos agarramos, mas nada que dias depois, estivéssemos jogando bola novamente. Preciso ressaltar que nunca houve nenhuma brincadeira com conotação sexual. Não sei por que, pois vontade não faltou! Depois disso nos mudamos para Santos/SP. Mamãe foi trabalhar em uma pensão como cozinheira e nós ficamos morando nessa pensão, na Praia do Gonzaga. A dona da pensão, uma portuguesa, tinha dois filhos. O mais velho da minha idade, 12 anos, se chamava Fabinho e o mais novo com 05 anos, o Marquinhos Nem precisa dizer que logo estávamos correndo com a molecada da vizinhança, moradores dos prédios na mesma rua. Foram os melhores tempos da minha puberdade. Brincávamos na praia, nos prédios, nas casas, nas vielas, nas casas abandonadas. Lembro-me que foi com Fabinho que quebrei o cabaço. Tentei agarrar ele que relutava. Eu tava muito excitado e forcei a barra. Foi quando senti uma dorzinha na cabeça do meu pênis e vi um pouco de sangue saindo. Fiquei desesperado achando que havia provocado algo ruim  pois o menino saiu correndo subindo as escadas. Nem sei como me recuperei depois. Não houve traumas maiores... Dessa época, vale um registro importante: havia um outro menino de 09 anos, se chamava Renato. Toda brincadeira de esconde-esconde, ele procurava sempre uma casa abandonada no final da rua; todos os meninos já sabiam que lá ele gostava de abaixar o shorts e deixava que os moleques roçassem nele”! É claro que eu sabia o que aquilo significada, pois eu também  gostava de roçar nele!

Aos 14 anos entrei no meu primeiro emprego como “Patrulheiro Mirim”. Fui trabalhar em uma Administradora de Imóveis como office boy! Havia um cara de nome Jose Carlos, ele devia ter uns 20 anos! Era ruivo, cabelos longos, pele clara e bastante peludo. Fazia judô e karatê. Senti-me atraído de imediato! Ele começou a me assediar e eu com muito medo do que estava sentindo e sem saber onde aquilo me levaria; eu relutava toda vez que ele me levava para “organizar os arquivos”, em uma sala que ficava no subsolo. Nesta sala, ele me abraçava, roçava seu pênis no meu, nas minhas coxas; beijava-me e eu ficava louco, ruborizado com tamanha petulância daquele homem másculo e viril! Isso deve ter durado 01 (hum) ano, se não me engano. Pois no ano seguinte ele saiu do escritório e nunca mais nos vimos. Pouco tempo depois eu comecei a namorar uma garota de olhos verdes, o nome dela era Clara, de pele morena, bronzeada. Ela trabalhava no prédio ao lado. Lembro-me que tinha sotaque do interior e morava com uma tia, que nos deixava ficar sozinhos no quarto. Lá nos abraçávamos, beijávamos e ficávamos nus, roçando nossos corpos. Nunca houve penetração, pois eu só me animava até um ponto, depois perdia a graça. Eu ainda estava descobrindo as maravilhas do sexo e ainda teria outras experiências com mulheres; mas isso é uma outra história!



10 comentários:

  1. Você deve ter mais ou menos a minha idade, porque identifico coisas da sua infância na minha.

    Vi em um dos comentários alguém dizendo que você escreve muito bem, e é verdade, a leitura prende e quase a gente sente o que viver. Bem interessante, continue.

    Beijocas

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    1. Obrigado "Dama", seu incentivo para continuar escrevendo... fortalece o desejo de "contar minhas histórias"...estou aprendendo com outros blogs como o seu, que é de grande utilidade pra todos nós! Beijão

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  2. Excelente! Parabéns bela e corajosa narrativa! Sua história é bem parecida, com a da maioria que começou e se descobrir sexualmente muito cedo! Nem todo mundo tem esse talento pra escrever. Lavando em conta, os TABUS que existem sobre a homossexualidade até hoje, dar pra imaginar o que você, eu e tantos sofreram. Foi muito duro, somos sobreviventes! Beijos

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    1. Valeu Meloso!! Com certeza...todas as histórias se cruzam...Beijão

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  3. só para avisar q voltei ... saudades daqui ...

    beijão

    ps: gostei da foto de vc fardado ... rs

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    1. Hehehehee...nem te conto como fiz sucesso com aquela farda! kkkkkkkk! Bem vindo de volta! Bj

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  4. Maravilha de escrita! A gente fica com vontade de ficar lendo, lendo, lendo... hehe! Ainda bem que tem "outras histórias" pra vc nos contar! Hugz!

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  5. Em primeiro lugar gostaria de agradecer suas visitas ao meu blog. Só agora estou tendo um tempo tranquilo para ler os textos dos amigos, e comentar. Há um bom tempo que não fazia isso, estava um tanto desmotivado. Problemas pessoais.

    Seu relato da infância é corajoso. Expor suas histórias sem se preocupar com tabus deve ser libertador. Como disse a Dama, o texto prende.

    Sobre seu comentário no meu blog. Disse que havia sido demitido há piuco tempo. Na verdade um amigo pessoal meu teve o mesmo fim. Uma Holding onde os donos mascaram tudo com religião, mas na verdade um jogo de interesses escusos, hipocrisia e gente mal caráter. Se falam em nome de Deus, eu juro que não quero conhecer esse Deus deles, de forma alguma. Fico com o meu que é mais benevolente, e sem interesses capitais...

    abração...volte sempre no blog, é um prazer a visita.

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    1. Estou acompanhando suas histórias e isso está me motivando bastante! Percebo que aqui no blog há uma troca leal e sadia! Estou empolgadíssimo! Grato pela visita!! Abração

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Muito do que aprendi na vida, foi convivendo e trocando experiências com outras pessoas. Agradeço sua visita e seu comentário. Seja bem vindo !!